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terça-feira, outubro 16, 2007

O camelo e a história do tunel deficiente

Foi hoje anunciada a inauguração do Túnel do Rossio para dia 16 de Fevereiro de 2008. Será uma das primeiras fitas que o governo irá cortar, ainda com um cheirinho de Entrudo. As obras estão atrasadas e terminarão um ano e meio mais tarde que o previsto. Como estamos em Portugal, é caso para perguntar o que vai aquela gente fazer com o tempo de sobra, pois estamos habituados atrasos como deve ser. Dos mais capazes. Dezoito meses? Isso é equivalente a terminar antes de começar.

Agora de louvar é, sem sombra de dúvida, um pequeno detalhe da obra, coisa de somenos importância, a julgar pela atenção que lhe foi dedicada, quer pelo empreiteiro, quer pela tutela, entenda-se MOPTC. A obra não tem saídas de emergência habilitadas para a evacuação de deficientes. As imagens da televisão mostravam uma enorme “chaminé” que, suponho, irá levar escadas para evacuar os passageiros para o exterior em caso de emergência. Mas não tem nenhum sistema que permita evacuar quem tem problemas de mobilidade. O jornalista ainda perguntou, bem intencionado, se a obra não contemplava um elevador para esse fim, ao que um engenheiro logo retorquiu com extrema arrogância que as saídas de emergência não podiam ser feitas por elevador. Tem alguma razão. Regra geral não se aplica pois numa situação de sinistro a probabilidade de falha de energia é muito elevada, quer pela inerência do próprio sinistro, quer como medida de segurança para ocupantes e equipas de socorro. Mas estamos a falar numa situação clara em que devia imperar o bom senso (tenho a sensação que já ouvi isto em algum lugar) e dedicar algum empenho na procura de uma solução, ao invés de levianamente encolher os ombros e balbuciar que os deficientes não têm por onde fugir. Por outras palavras o Túnel está para os deficientes como o governo para os Portugueses, não temos como escapar.

Espanta-me e entristece-me que num país com tão bons engenheiros, daqueles que se licenciaram num qualquer dia útil, com prémios, fama e reconhecimento granjeado além fronteiras, ninguém tenha tido a lucidez de apagar do projecto este erro grosseiro e de muito mau gosto.

Não posso terminar sem uma palavra de apreço para os atletas “especiais” que participaram nas Olimpíadas “Especiais” e arrecadaram só 17 medalhas. E ainda digo eu que o governo não sabe investir o dinheiro que eu pago, que pagamos todos, de impostos. Ora vejamos, o estado subsidiou esta comitiva com 10% da verba total. Quer isto dizer que se a comissão custou, por exemplo, 100.000 €, o erário público custeou 10.000€. É de facto dinheiro bem investido, à razão das medalhas obtidas, pois todos sabemos que as comitivas dos atletas ”normais” gastam muito mais nas suas comissões e só trazem é desgraça e vergonha para a camisola que vestem. Medalhas, se queremos saber o que são, como são e que sensação tem ganhar uma de quinas ao peito, temos que esperar pelas competições secundárias, onde competem os "desgraçadinhos" que levam um rebuçado só para que não digam que não levaram nada. Se em vez dos míseros 10% fossem os 100%, creio que até o pódio eles traziam de souvenir.
E já agora, vamos rezar para que nenhum destes atletas ande de comboio… Pelo menos no Túnel do Rossio.
PARABÉNS! Vocês são os verdadeiros heróis.


Hoje não há video

Imagem tirada da net, para ilustrar.

1 comentário:

Andreia disse...

Gosto sempre do que escreves! =)

"Por outras palavras o Túnel está para os deficientes como o governo para os Portugueses, não temos como escapar." LOOL..


"Espanta-me e entristece-me que num país com tão bons engenheiros, daqueles que se licenciaram num qualquer dia útil, com prémios, fama e reconhecimento granjeado além fronteiras, ninguém tenha tido a lucidez de apagar do projecto este erro grosseiro e de muito mau gosto"

Lá está...nem sempre uma licenciatura é sinónimo de competência...

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