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domingo, outubro 29, 2006

Aquele inverno...

Fui convidado para um almoço de confraternização de antigos militares que serviram em Angola. Fui pelos laços familiares que me unem a um desses Homens. E porque sempre tive alguma curiosidade em saber o que se passa num evento assim. O que vi, não tendo nada de surreal nem de extraordinário, marcou-me e mudou a minha maneira de ver as coisas.

Do que se ouve dizer sobre quem esteve no Ultramar, ressalta quase sempre o horror e o trauma que se entranhou na pele e nas vidas desses militares. São, muitas vezes, relatos na primeira pessoa ou de quem acompanhou de muito perto a guerra colonial. Vi naquela sala muitos rostos, velhos do tempo mas serenos de saber. Serenos demais para mim. Olhava aqueles rostos sorridentes e perguntava-me que sofrimento esconderiam. Muitos de nós éramos novos de mais para saber o que sofreram estes meninos, acabados de ser Homens e mandados para uma guerra que não escolheram. Nenhuma guerra faz sentido e esta também não fez. Deixou atrás de si um rasto de destruição material e humana. As famílias que os viram partir morreram um pouco e continuaram a morrer quando os viram regressar transtornados. Morrendo um pouco cada dia. E como deve doer essa morte que acontece em vida, que se prolonga no tempo, na agonia dos dias que não passam e teimam em trazer à memória traços tristes de um quadro que não se consegue esquecer.

Estavam reunidas três gerações ao redor das mesas. A melhor homenagem que lhes pode ser prestada é esta. A família toda reunida como forma de agradecimento. É pouco, dirão alguns. Concordo. Mas se todos fizerem a sua parte, se pelo menos a sua principal fortaleza e refúgio for fazendo a sua parte, eles podem sentir que, ainda que obrigados, não foram em vão.

Detive-me por momentos a observar um grupo que olhava um álbum de fotografias e desfiava histórias, vividas no calor da batalha e tantas vezes repetidas naqueles encontros. Contadas com o entusiasmo com que foram sentidas. Como se fossem contadas pela primeira vez. Veio-me á cabeça vezes sem conta aquela canção dos Delfins.
“Para eles aquele Inverno, será sempre aquele inferno…”

Foi uma grande lição de vida a que aprendi naquele momento. Ver rostos que penaram sabe Deus quanto a sorrir, a olhar de frente para vida, num permanente desafio, mostrou-me quão mesquinho é o sentimento de impotência que às vezes me assola e me faz querer desistir disto ou daquilo. Se calhar o problema é esse. Desistimos com muita facilidade, não damos luta.

Este é bastante violento, pelo discurso do único responsável pelas mortes. Ouçam o discurso com atenção. A mim apetecia-me gritar-lhe "filho da...". Mas por respeito aos mortos e porque alguém tem que ter vergonha, não o faço! http://www.youtube.com/watch?v=_vurLtLNefg


Ecos do 25 de Abril, a ocupação dos TLP. Sopraram, enfim, os ventos da mudança. http://www.youtube.com/watch?v=d4mSP--gyYw


O som está um pouco baixo ao início mas creio que toda a gente reconhece o HINO. Até arrepia... http://www.youtube.com/watch?v=3wAAEOsphso


A homenagem. Merecida. http://www.youtube.com/watch?v=MFBX-7ajTgM


Imagem: La guernica, Pablo Picasso

sábado, outubro 28, 2006

O bem e o mal: toda a verdade!

Esta coisa do bem e do mal tem que se lhe diga. Foi das primeiras coisas de merchandising que alguém se lembrou de inventar. A promoção da luta entre as partes desavindas mobilizou culturas, gentes, religiões e constitui ainda hoje o eixo nevrálgico da nossa existência. E, consta-se, chegou a render muito dinheirinho.

Há dias um amigo meu dizia-se de pé atrás com o novo namorado da irmã. Não vou comentar isto até porque tive a oportunidade de, logo ali, expressar a minha opinião respeitando a dele. O que aqui me trás é a ilação, precipitada e leviana, que se pode tirar do que lhe respondeu outro amigo envolvido na conversa:
“É pá, o gajo não é mau tipo, não anda na droga, nem nada disso…”

Pronto. Já está. A partir de agora designa-se a qualidade da pessoa pelo facto de andar na droga ou não. O tipo dá umas passas, é mau. Não dá umas passas é bom. Simples, não é? Digam lá a esses tipos que continuam a impingir o tal wrestling que se pode fazer o teste com um charro. E a contra-análise pode ser com um sniff de coca. É prático. A malta que faz o controle, tipo pessoal da alfândega ou coisa parecida, trás um chamonzito em kit, hermético e higienizado, chega-se à beira dos desavindos e faz o teste:
“Ora faça o obséquio de chupar aqui no chamonzito, faz favor. Isso, encha bem o peito. Agora trave. Vomecê parece um sapo. Pode expelir o fumo.”
Caso o indivíduo requeira a contra-análise, é só acompanhá-lo a uma sala de chuto e aguardar o resultado. Doravante, ninguém mais terá dúvidas.

Já sei o que vocês estão a pensar. Que merda terá andado a fumar aquele austríaco que queria ser alemão? Bem aquilo bateu-lhe bem. E todos os outros, são tantos que nem vou mencionar nomes (podia esquecer algum e não quero desagradar a essa gente…), também lhe deram bem.

Não quero aqui fazer a exaltação da droga. Talvez um destes dias venha dizer o que penso da despenalização do consumo. Tenho plena consciência, porque conheço casos de vida, dos efeitos nefastos das drogas e da forma abrupta, fria e impiedosa com que destroem famílias. Mas o estigma está de tal forma enraizado que é isto. Na minha juventude, se um adolescente deixasse crescer o cabelo, era drogado. Se pusesse brinco, era drogado. Imagino, naquela época, alguém que lhes cruzasse o caminho, cravado de piercings:
“ Compadre, ali vai o traficante!” Nem todos os drogados são maus nem tampouco são bons todos os não drogados. Há por aí muito filho da puta que nem sabe o que é uma aspirina…

Esta mania, tão humana afinal, que temos de alvitrar juízos de valor sobre terceiros, deve ser usada com moderação. Parafraseando alguém, uma vez que não conseguimos eliminar o risco, vamos limitar as consequências dos danos. Chama-se a isto prevenção. E tem como aplicação prática, o respeito pelo próximo que é bonito e conserva os dentes…

Hoje não me apetece dar-vos música. Tou armado em mau, foi do Benuron… Em vez disso dou-vos cinema. Português. Apreciado, elogiado e babado no estrangeiro. Alice de seu nome.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Hoje não


Hoje não me apetece escrever. Não estou para aí virado. Uma crise de inspiração. Será? Talvez sim. Talvez não. Talvez nim...

Hoje não me apetece. E não é por falta de assunto pois para quem vive num país de especialistas, assunto não falta. É mesmo uma crise de falta de pachorra. Nunca vos aconteceu, ter o que fazer mas não ter vontade nenhuma?... Digam-me, vão descobrir maravilhas sobre a vossa prórpia personalidade. Eu dava o exemplo, mas... nah!, hoje não vai.

Amanhã talvez.

Vou curtir um pouco desta moçoila:

http://www.youtube.com/watch?v=F-Hlw76xR5c


Imagem tirada aleatóriamente da net.

terça-feira, outubro 24, 2006

Ainda bem


Fiquei a saber recentemente que não houve culpados na tragédia de Entre-os-Rios. Ora ainda bem. Paz à alma das pessoas que pereceram num acidente hediondo e aos familiares que sofrem com a sua ausência. Os meus sentidos e sinceros respeitos. Mas mantenho o meu "ainda bem". Se não digam-me, nunca tiveram a sensação de estar num lugar ao qual sentem que não pertencem? Ou de olhar para alguém, numa determinada situação ou lugar e pensarem:
“O que está ali afazer aquele fulano?”

Eu confesso que sempre olhei para os arguidos de Entre-os-Rios com esta sensação. Aqueles senhores não pertencem ali. O que se pretendia era julgar os verdadeiros responsáveis. Aqueles sobre quem recaía a responsabilidade máxima da conservação da ponte. E em todas as hierarquias existem patamares. Se eu for pedir emprego a uma empresa, por exemplo, não o peço à giraça da recepcionista. Coitada. Acima dela tem o chefe de secção. Acima deste tem o chefe de pessoal. Acima deste o chefe de departamento. Acima deste o chefe de Recursos Humanos. Acima deste o Presidente do Conselho. Acima deste tem o Director Geral. Quem me irá dar a resposta, se tenho ou não o meu empregozito não é ela. A decisão virá de muito acima dela, provavelmente do topo. Então para que vou eu perder o meu tempo com a recepcionista? Endereço o meu pedido ao Director Geral e ele delegará em alguém a tarefa de me responder. As hierarquias funcionam assim.

Por isso eu insisto. Foi uma perda de tempo julgar as recepcionistas. Não faziam parte daquele filme. Provavelmente nem fizeram parte das inúmeras fotos de família, tiradas pelo mais insignificante motivo. Mas ainda assim acabaram no banco dos réus. Será pela inerência de funções, pelo facto de darem a cara pela empresa? Eu concordo com a ideia de julgar o que aconteceu naquele dia triste. E ainda espero que esse julgamento aconteça.

Descobri também (deram-me a dica…) que o presidente do Steua de Bucareste oferece uma pipa de massa para quem quiser ficar com o guarda-redes Carlos. Ora aí está uma bela ideia para um certo aglomerado nortenho, gerido por idosos (desbocados ou senis, a escolha é sua), para despachar uma ex-glória das redes nacionais. Se não aproveitam o ensejo, ainda fica para mobília. É sem dúvida uma medida das mais capazes, principalmente para fazer frente ao surto de gripe da aves que, mais dia menos dia, vem cá ter.

Hoje a música é outra: http://www.youtube.com/watch?v=iucCIOVIdLo
O que é nacional também é bom e é reconhecido de vez em quando por gente conceituada. Parabéns Rita.


Foto de manuel marques publicada com autorização escrita do autor.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Desabafos


Ontem foi um dia terrível. Não choveu nem fez sol, ficou-se por aquela chuva miudinha, tipo molha tolos. E, tolo fui, que insisti em sair à rua. Tinha compromissos e, quando se tem palavra, honramos sempre os nossos compromissos. À noite, refastelei-me no sofá e enquanto esperava pelo Herman (sou fã, o que posso eu fazer?), fui levando com as “Lamúrias da Júlia” nome fictício mas que bem podia ilustrar o género. Eu bem sei que tinha outras alternativas mas quis agradar à patroa… E ainda bem, digo eu, que fui ficando. A páginas tantas o Maestro, citando Fernando Pessoa, diz algo parecido com isto:
“Um especialista é alguém que não sabe fazer coisa nenhuma e vive dessa ciência!”

Ai se eu vos contasse que sei de um sítio… Crescem como cogumelos. A frase tem realmente muito significado e é muito actual. Ele é especialistas na função pública, nos hospitais, nos mais variados sectores da nossa administração pública, até perece que vivemos num país de especialistas. Reconheço que em cada um destes pontos que referi e outros que possam estar implícitos, existem profissionais altamente qualificados. Mas lá está, são profissionais, não são especialistas...

Existem frases célebres cheias de sentido mas devo admitir, umas têm mais que outras. Falarei disso num próximo desabafo.
Ah! cabeça a minha, o Glorioso ganhou. Foi um jogo difícil mas cumpriram-se os principais objectivos delineados: os três pontos foram amealhados, parabéns ao Benfica; O espectáculo foi arruinado com tanta expulsão, parabéns ao árbrito; O Miccoli não joga no dragão, parabéns a quem deu o investimento por bem empregue...
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Vou de abalada mas deixo aqui mais uma coisita para verem:
Isto é muito bonito, ouve-se tão bem quanto fica no ouvido. E as miudas da plateia parecem adorar...
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Foto tirada no Gerês, por manuel marques

sexta-feira, outubro 20, 2006

Négocio ou talvez não...

Vou falar de um assunto delicado. E vou acabar também por expressar a minha opinião, afinal o blogue é meu. Razão tem uma certa deputada comunista, senhora de uma reputada sapiência e por quem este “social-democrata de ideias”, nutre uma sublime admiração. Li hoje num jornal da nossa praça que já se prepara o negócio do aborto. Estava lá, em letras grandes, para que não houvesse dúvida. O cinismo a que chegámos.

Não vou dizer que a culpa é do governo. A culpa é de todos nós que democraticamente contribuímos para um governo assim (e cada um tem o que merece). Isto podia estar resolvido há anos. Mas não, é muito mais giro perseguir as mulheres. Afinal, os tipos da inquisição também não andavam atrás das pessoas? Está na moda. Para as mulheres até que é bem feito. Em vez de terem feito aquilo… coiso e tal… vocês sabem… deviam, sei lá, molestar umas criancitas, comprado um saco azul ou soprado um apito colorido. Não havia justiça que as importunasse. Mas pronto, são umas teimosas e querem antes tirar algo que sentem que não lhes pertence. Que não têm condições para dar vida, que não desejaram porque lhes foi imposto da pior forma, sob ameaça. E por isso, são condenadas.

O debate tem que ser feito, sem dúvida. Que seja feito sem hipocrisias, com ideias claras, esclarecedoras. Vamos pensar nas mulheres como seres Humanos. Estou convicto que o SIM irá ganhar. Eu vou contribuir para isso. Faço-o de consciência e desafio todos a fazê-lo. SIM ou NÃO, importa que seja em consciência. Arrastar esta saga apenas irá molestar. Abre feridas em vez de as sarar. Amplia fossos em vez de os unir. Separa em vez de aproximar. Nenhuma sociedade se pode auto-proclamar justa quando persegue mulheres desta forma.

Fazem-se, sempre se fizeram, desmanchos no vão da escada, com mezinhas e métodos que por vezes põem em risco a vida das mães. Para lá de todas as discussões académicas, morais, puritanas e que tais, podemos dar finalmente uma oportunidade de melhores condições, de higiene e segurança a quem opte por esta via. Ao fim e ao cabo trata-se de um acto médico, como tal deve ser feito com dignidade e aptidão. Pode ser um negócio sim, mas tem alma e rosto Humano. Respeito os defensores do NÃO mas, aqui para nós quem ninguém nos lê, qual é a parte de que se-não-o-fizerem-aqui-fazem-em-Espanha-que-ainda-não-perceberam?

Aliás, o negócio é tão rentável para as clínicas espanholas que algumas já estão a mudar-se de armas e bagagens para cá. Grande sentido de oportunidade têm estes gajos! Vêm a possibilidade de o dinheiro lhes fugir e já estão a pensar em vir atrás dele. No centro desta polémica estão e estarão sempre as mulheres, seres Humanos transformados em mercadorias ou produto de uma qualquer prestação de serviço. Quanto mais depressa acabar a novela do referendo mais depressa isto serena. E paz precisa-se. Para o bem de todos.

Eu não queria, confesso que não queria, mas tenho que deixar aqui no ar uma perguntita… Será que um país que ainda não conseguiu resolver esta questão sócio/legal/moral com as mulheres que abortam está preparado para um TGV? A mania que nós temos, esta coisa das grandezas… Queremos ter um TGV porque está na moda mas não conseguimos resolver uma questão tão mais pertinente e importante para o desenvolvimento harmonioso de uma nação: as liberdades e garantias das suas gentes.
Pois eu acho que sei para que querem eles o TGV a rolar o mais rápido possível. É que assim, caso o NÃO ganhe, as mulheres podem ir a Espanha muito mais rapidamente e voltar no mesmo dia. E de caminho ainda fazem um aborto. Antigamente iam aos caramelos a Badajoz… Modernices!
Hoje acrescento uma coisita para irem espreitar. Estes tipos gostam muito de U2 e isso nota-se... ouve-se muito bem. http://www.youtube.com/watch?v=vZuS6aGcmjA

Imagem: "A criação", Miguel Ângelo

terça-feira, outubro 17, 2006

Coisas da bola


Eu até tremo cada vez que penso abrir a boca acerca deste assunto. Confesso que não sou um grande entendido nesta matéria. Tenho o meu know how, tanto de comentador como de jogador mas reconheço que há, por esse mundo fora, gente muito mais creditada que eu para falar e jogar futebol. Como jogador sou um polivalente. Sou um guarda-redes exímio sempre que a minha equipa ataca e um ponta de lança "matador" quando a minha equipa se entretém a defender. Já a discursar sobre este nobre desporto de massas (mudámos de escudos para euros mas continua a ser um assunto de massa, muita massa) também não me dou mal. Já agora, antes de continuar, alguém viu por aí a Padeira de Aljubarrota? Não? Bem, continuando, devo dizer que sou BENFIQUISTA. Sem querer ferir susceptibilidades, nem querer ser tendencioso posso também afirmar que se trata só e apenas do melhor clube do mundo. Mas também sou capaz de falar de outros clubes. O meu guarda-redes de eleição é o Ricardo que joga e defende (MUITO BEM) as redes do sporting. O porto também tem uma série de coisas fantásticas, a saber: 3 pontes sobre o Douro e uma carrada de placas a dizer Lisboa!
Mas isto sou eu a desabafar porque não sei mais que isto e até sou um bocado palerma quando, ás vezes, entram na conversa verdadeiras autoridades sobre futebol ou a conversa entra em terrenos VIP, reservados a verdadeiros connaisseurs da arte de jogar, ver, avaliar e opinar sobre a bola. Os jornalistas.

Os jornalistas sabem tudo sobre futebol. Não é novidade. Mecânicos sabem tudo sobre motores. Sapateiros sabem tudo sobre sapatos. Vizinha do 2.º esquerdo sabe tudo sobre os outros condóminos. É a lei natural das coisas. Por isso mesmo não espanta que sejam jornalistas a avaliar a prestação de jogadores de futebol com vista a eleger o melhor de entre eles. Desculpem a insistência e até a falta de oportunidade do assunto mas, de certeza que não sabem onde está a Padeira?...

Li recentemente que estão 3 Portugueses na lista para a "Bola de Ouro" da revista France Football. Até já isto não me surpreende. Nos últimos anos fomos pródigos em sucessos desportivos vários, maus governos e jogadores de encher estádios e fazer as delícias de multidões. Por isso quase que apetece dizer que o Tiago, o Deco e o Cristiano Ronaldo estão lá porque sim. Mais nada. Ai dessa conceituada publicação se se tivesse esquecido de os incluir. Eles merecem, pelo que fizeram e ainda fazem pelos seus clubes e pela nossa selecção. Sou fã do Cristiano mas gostava de ver o Deco consagrar a carreira. O puto é novo e vai ainda arrebatar muitas daquelas e outras que se lhe cruzem no caminho. O que realmente me preocupa é como é que este prémio é atribuído e, neste capítulo, peço encarecidamente ajuda a alguém mais entendido que eu. Se for o povo a votar fico mais descansado porque o povo sabe o faz quando se trata de votar. Agora se forem os jornalistas... Nada tenho contra os Jornalistas e respeito muito o trabalho deles. Mas quanto aos jornalistas, tenho dúvidas, pronto. Podem ser tecnicamente perfeitos e habilitados mas, convenhamos, gente que dá um prémio ao Zidane nas circunstâncias que o mundo presenciou, é gente muito mal formada. E era aqui que entrava a Padeira. Ai se ela cá estivesse... O Zidane é um bom jogador mas mostrou ali, naqueles segundos, que é um ser humano mal formado. Ele tem responsabilidades como figura pública, é um ídolo de crianças que daqui para a frente se vão sentir tentadas a resolver diferendos à cabeçada.
"Roubaste-me o berlinde!..." Tungas, uma cabeçada.
"Passaste-me à frente!..." Tungas, outra cabeçada.
Retratou-se perante as crianças e por isso ainda me merece crédito a sua carreira mas esse facto não apaga aquilo que eu vi. Terá sido a primeira vez que alguém lhe disse coisas feias em campo? Todos nós sabemos que em campo, os jogadores chamam tudo ao pai, à mãe, à irmã, ao periquito, coisas que às vezes nem vêm no dicionário. O próprio, nunca terá, em tantos anos de futebol, chamado coisas pouco abonatórias aos outros companheiros de jogo? Para mim não se justifica e não tem perdão.

Se forem os mesmos jornalistas a votar até consigo ver daqui o Zouzou a escrever e ensaiar o discurso de agradecimento. Já se baniram do futebol personalidades por muito menos mas parece que em relação a este craque as coisas têm tendência a florir. E no final ainda vão todos pedir desculpas ao homem e passar-lhe com a mão suavemente pela cabeça (recomendo que o façam quando ele estiver a dormir...). Volta Padeira, estás perdoada.

Foto encontrada algures na net.

domingo, outubro 15, 2006

Hoje é o primeiro dia...

Hoje é que vai ser. Depois de alguma reflexão, do pára-arranca natural de quem está a começar uma coisa que pode vir a ser, diria, incómoda, decidi que de hoje não passava. Podia ter dito que já nem me lembrava que tinha criado este blog, com o intuito e o propósito que adiante irei descrever, que não tenho tido tempo para vir aqui destilar veneno mas isso seria... dizer a verdade e, neste país, dizer a verdade é, fatalmente, cair em descrédito. Tive uma namorada que me amava mais quando eu lhe mentia e me amava menos quando lhe dizia a verdade.
"Onde estiveste?"
"No bar com os amigos, a beber uns copos..."
"És um mentiroso."
Eu dizia a verdade e ela não me amava muito...
"Onde estiveste?"
"Na igreja, a ajudar o Xô Padre Cura Amílcar da Dores a preparar a missa..."
"És um amor."
Eu mentia e ela amava-me muito. Mais ou menos por essa altura aprendi que dizer a verdade não compensa mesmo nada, não dá riqueza. Que fique claro que ainda hoje me orgulho de ser pobre.
O que aqui irei publicar serão meramente desabafos. Eu sei que a Constituição da República me dá o direito à indignação. Sei que existem limites e confesso que não os conheço pelo que, desta forma, assumo que de quando em vez os vá ultrapassar. Sou homem o suficiente para, na altura e local certos, dar a cara e responder pelos meus actos. Não tenho a intenção de ofender ninguém até porque isso é bastante fácil de fazer aqui, ao abrigo do anonimato (quase absoluto) que um nick confere e eu sou um homem de desafios. Se não der luta não dá pica. E sem pica não vale a pena. A minha intenção é tão somente expressar a minha opinião sobre actualidades.
Disse e afirmo que não temo a justiça. Não só não a temo como creio nela. Ainda que seja a justiça que leva já mais de 2 anos para julgar um caso de pedofilia com figuras mediáticas. Aquele dos Açores demorou alguns meses apenas a ter sentença. Talvez a diferença resida no facto de, lá nas ilhas, os arguidos serem simples anónimos. Cá não são. Os de lá não vendem jornais, não dão audiências a televisões, ninguém os conhece. Mas fizeram mal às criancinhas e foram condenados. O caso foi descoberto depois deste da Casa e num ápice os papões passaram de arguidos a criminosos, com pena em regime de tudo incluido. Cá, pasme-se, até aperecem aqueles que choram na televisão pela inocência dos arguidos. Sim, cá ainda só são arguidos... Da forma que isto vai, ainda vão ter com a Júlia Pinheiro, lamentar-se e pedir a uma figura pública que cante (??) com um cantor de renome, na defesa da sua nobre causa. Em relação a tudo isto só tenho duas coisas a dizer. A primeira é que todos nós somos inocentes até prova em contrário. E eles são inocentes. A segunda é que, com a idade que já levo, a bagagem de vida que já adquiri, dá-me autoridade para dizer que nem tudo o que luz é ouro. Todos nós fazemos coisas de nos orgulhamos e outras de que nem por isso. E, como todos temos uma imagem a defender, fazemos de tudo para que ninguém saiba quais são as coisas que fazemos quase sem ponta de orgulho...
Agora é convosco. Comentem. Soltem a língua. Fazem-no à vossa responsabilidade mas soltem...
O SLB é o maior, canudo! (isto, para os mais distraídos, é uma provocação...)


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