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sábado, fevereiro 24, 2007

Mea culpa

Reconheço que estas coisas de destilar veneno dão, por vezes, a sensação de se fala mal e pronto. Nada mais errado. Pelo que a mim diz respeito, não é essa a minha linha orientadora. Digo mal e direi mal, se essa for a opinião que tenho sobre determinado tema. Nada do que digo ou escrevo é gratuito nem tem o redutor propósito de ofender. Tem sempre um fundamento que é, repito, a minha visão das coisas. Posso estar equivocado, pois posso. É algo que me pode acontecer e não o nego nem ignoro. Mas o meu objectivo primeiro é e continuará a ser dizer o que penso.

Vem este prelúdio a respeito de uma, direi, chamada de atenção feita por uma amiga. Dizia ela, comentando online via msn, que eu falava mal da GNR num recente post. Tive oportunidade de a esclarecer imediatamente e agora quero aqui fazer o meu ponto de honra. Eu não falei mal da GNR. Falei mal de um sargento da GNR que, graças a Deus, não representa a totalidade dos Guardas desta força da ordem. Quando muito é imagem de uma pequeníssima fracção de gente que, embora exista, não denigre a imagem geral que é boa. Nada tenho contra a Guarda, onde tenho inclusive laços familiares.

Errei quando dei condições no meu texto para a generalização. E se há estigma penalizador numa opinião é, sem dúvida, o fenómeno da generalização. E, de entre nós, quem nunca sofreu injustamente com uma generalização? Por ter sentido essa experiência na pele e saber o que dói, aqui fica o meu mea culpa sentido. Peço desculpa a todos os que possa ter induzido nessa situação e, principalmente, peço desculpa a todos os Guardas que não se revêem nas atitudes daquele sargento. Ena tantos…

O meu próximo post é sobre este rapaz... (passe a publicidade ao outro blogue mas este era o filme que tinha menos "encravanços"...)


Magister dixit!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A vergonha nacional

Já deve ser notória a minha inspiração nas notícias que saem nos jornais, principalmente no Correio da Manhã. Passe a publicidade, é dos diários mais organizados e de mais fácil leitura que temos na nossa praça. E ontem li uma bomba. Uma não, duas. Porque há muito que sigo com muita atenção e carinho a crónica diária de um grande jornalista, de verve afiada, sem papas na língua e que diz o que tem a dizer sem temer importunar. Ferreira Fernandes tem aqui um eterno aprendiz e um admirador incondicional. Vamos lá então.

Parece-me que no dia 17, dois homens, pai e filho, foram agredidos por um bando de badamecos arruaceiros, agressões essas que começaram dentro de um autocarro da CARRIS em pleno andamento e terminaram á porta de um posto da GNR, por sinal o seu local de trabalho. Antes de continuar, uma palavrinha amiga à CARRIS, por empregar tal tipo de gente. Porque um motorista que se apercebe (não me venham dizer que não que eu não acredito!) de um grupo de gaiatos a esfaquear dois passageiros e continua a viagem como quem não quer a coisa, é, só pode ser, cego e surdo! E ainda assim, motorista da CARRIS. Um bem haja a tão nobre empresa, um orgulho para Lisboa e um exemplo para o país.

Mas o que me deixou por pontas foi o que aconteceu à porta da GNR. Os homens pediram ajuda para as agressões que os Militares estavam a presenciar e estes não puderam fazer nada porque, imagine-se, o sargento não deixou!!! Os putos estavam ali, à mão de semear, prontinhos para serem catados, mas tiveram tempo para apanhar outro autocarro e desaparecer porque os Guardas não foram autorizados pelo sargento. A sua justificação foi e passo a citar o jornal:
“O sargento terá alegado que o sucedido era na área de intervenção da PSP, para justificar a sua atitude.” Ora bem, eu tenho direito à minha opinião. E na minha opinião este gajo é um frustrado, um falhado social (daqueles que não sabendo fazer mais nada, foi para a Guarda) que usa uma desculpa de merda para esconder a cobardia ou o absoluto desprezo pelo juramento de fez. E se fosse o pai dele? E se fosse um oficial da GNR? Não nos podemos esquecer e cito o jornal uma vez mais:
“(…)a GNR é uma força de segurança, com âmbito de acção em todo o território nacional e que estava perante um flagrante de agressões com arma branca sobre duas pessoas indefesas”. Então isto agora é por quintais? Mata-se e esfola-se à vontade, desde que seja no quintal do vizinho? Tal como eu tenho o direito a expressar a minha opinião, também ele tem o direito de me levar a tribunal para que eu justifique o que disse. Bem, eu já fiz a minha parte...

Não posso também deixar de registar aqui o meu apreço para a ambulância do INEM que demorou apenas 20 minutos a chegar ao local. Isto, para uma viatura que saiu, creio eu, do Porto ou assim, é mais que suficiente para calar a boca daqueles que dizem que o INEM leva muito tempo a socorrer. Meus amigos, 20 minutos nem o TGV!...

E agora o que disse o meu Mestre, Ferreira Fernandes. Na sua crónica de ontem falava da nova alteração na regulação dos estacionamentos em Lisboa. Os funcionários da EMEL trabalhavam bem, porque multavam os carros que eram da sua jurisdição. A PSP não trabalhava porque não multava os carros que eram do seu quintal. Havia aqui de facto uma injustiça, até porque aqueles eram os de segunda fila. Vai daí, alguém teve uma ideia para resolver esta injustiça. Premiou o trabalho de quem realmente trabalha… com mais trabalho. Agora a EMEL passa a multar a torto e a direito que é como quem diz, pode multar os que já multava e também aqueles que a PSP deveria multar e se omitia de fazer. Adivinhem, o sindicato da polícia não gostou. Oh que chatice… Gostei da expressão, que define muito bem o carácter desta filosofia:
“Um caso típico dos que não coiso nem saem de cima”.

Em campanha para o aborto, o partido do governo (ou teria sido o próprio governo?...) fez campanha com uns cartazes enormes, onde se lia O ABORTO É UMA VERGONHA NACIONAL. Este é um caso arrumado mas ainda assim gostava de alertar para um pequeno erro, provavelmente de tipografia, presente em todos estes catrapásios. Onde se leu aquilo que lá estava, deveria ter-se lido O ABORTO É UMA DAS VERGONHAS NACIONAIS. Porque existem mais, muitas mais. Neste singelo texto, evidenciei apenas algumas. Eu sei que vocês sabem outras tantas. E cada um tem o governo que merece.

Magister dixit!

sábado, fevereiro 10, 2007

Magister dixit


Amanhã, dia 11 de Fevereiro, é um dia importante. Importante porque, chamado a dar a sua opinião, o povo vai às urnas. E a sua decisão será soberana. Assistimos a uma campanha pouco esclarecedora em que se ouviu essencialmente falar de despenalização, crime, aborto livre, aborto a pedido (assim tipo discos pedidos) e da humilhação da mulher. No meu humilde ponto de vista, despenalizar e liberalizar não são exactamente a mesma coisa e no caso concreto do aborto muito menos. Quanto ao aborto livre e aborto a pedido já lá iremos. A humilhação da mulher é, quanto a mim, um dos pontos fundamentais. Num sistema que não consegue ou não quer julgar apitos, sacos, casas pias e outros que tais, estranhamente os processos envolvendo mulheres que interrompem voluntariamente a gravidez, rapidamente chegam à barra dos tribunais e se transformam em sentença. Uma mulher nessa condição, para além de todo o trauma que tenha passado, torna-se claramente no elo mais fraco. Faz-me lembrar aqueles putos rufias, no meu tempo de escola, não podendo bater nos grandes que lhes cascavam, batiam nos ainda mais fracos que eles e mais indefesos.

Nunca, nesta temporada de (des)informação, eu ouvi falar do verdadeiro crime, implícito na IVG, tal como ela acontece até agora no nosso país. A corja que pratica o desmancho no vão da escada, nas traseiras do quintal ou na garagem e que atira as mulheres para o hospital ou até para a morte, passa impune por todo este estrafego. Aliás, têm nos defensores do Não um enorme aliado. Que bom que era que o Não ganhasse… Mas como vai ganhar o Sim, há já quem deite contas à vida e comece a achar falta do dinheiro, sujo de sangue, que entrava livre de impostos. Pois é, os impostos. Na tentativa desesperada de ludibriar os mais desprevenidos até nos impostos se falou. As clínicas que futuramente fizerem IVG vão pagar impostos e, mais importante que isso, não vão por ninguém às portas da morte. Do passado recente e para finalizar este assunto, houve duas coisas que me pareceram absurdas e, como tal, não posso deixar passar em claro.

A deputada do PS Matilde de Sousa Franco fez campanha pelo Não, ao contrário daquela que era a corrente do partido. Inequivocamente louvável até porque, sem sombra de dúvida, esta é uma matéria de consciência e a consciência de cada um de nós não tem cor política. Mas não achei graça nenhuma quando ouvi a senhora dizer que em vez de se promover o aborto deveriam ser adoptadas medidas que promovessem a natalidade. Até aqui tudo estaria bem se o modelo escolhido para ilustrar esta “proposta” não fosse o alemão. Dizia, muito convicta:
“O governo alemão dá 25 000 € por cada nascimento”. Será que a senhora sabe que está em Portugal? O Estado paga de abono cerca de 30 € por criança e assume (e eu acredito) que isso é um grande investimento para o erário público. Agora imagine-se os 25 000 €… Atoardas como esta só vêm mostrar que algumas pessoas andaram nestes tempos de antena a reboque, para poderem aparecer e sem saber, ao certo, o que lá andavam a fazer.

Dizer que a nova lei que amanhã se referenda vem aumentar o número de abortos é, francamente, uma aldrabice deslavada. Primeiro, não existem números oficiais de abortos em Portugal porque os que se têm feito ou são feitos em Espanha ou no galinheiro. Os primeiros são declarados oficialmente, no país onde são realizados e os outros, já se sabe, não existem oficialmente. Segundo porque esse aumento o que vai reflectir, na realidade, é o número real de casos no nosso país. O número vai aumentar. Pois vai. Porque até hoje os números eram segredo e vergonha. A partir de amanhã deixam de ser segredo e as clínicas, públicas ou privadas, espanholas ou portuguesas, serão obrigadas a divulgá-los. E quando surgirem os primeiros resultados, não digam que aqueles são os números dos abortos que agora se fazem em Portugal. Digam antes:
“ Este é o número de IVG que sempre se fizeram em Portugal! A diferença é que antes não sabíamos….”

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Os filhos do decreto

Devo confessar que não me sinto muito à-vontade para falar deste assunto, pela delicadeza do mesmo. Mas é um facto, o caso do Sargento Gomes já prendeu a atenção da opinião pública e pôs as pessoas a falar do assunto. Pelo que percebo de leis, o melhor é estar calado. Mas existe sempre a jurisprudência do povo e com essa eu alinho incondicionalmente. O Sargento cometeu um crime à luz da lei mas está inocente segundo o povo. Para a lei sequestrou uma criança a quem ele ama como filha, para o povo ele fez o papel de pai que qualquer criança precisa.

Já diz o povo que Pai é quem cria, não quem o faz. E espanta-me que alguém que abandonou mãe e filha, numa clara atitude de rejeição quando teve conhecimento da sua existência, venha agora reclamar a menina. O azar do Sargento acaba por ser uma questão meramente processual, reflexo recorrente do nosso sistema jurídico/legal, por via do qual o processo de adopção acontece numa altura em que o pai biológico já tinha sido obrigado pelo tribunal a reconhecer a filha.

Eu vejo as coisas assim. Qualquer criança tem direitos consagrados. Ter um pai deve ser um deles. Houve alguém que durante muito tempo negou este direito à criança, rejeitando-a pouco tempo após a concepção. Acabou por ser obrigado pelo tribunal a reconhecer a paternidade. E reconheceu. Mas, e o amor? E o carinho? E o afecto? Também são decretos de tribunal? Deixem-me adivinhar, ele vai amar a filha porque o tribunal o mandou? Façam-me um favor! Enquanto ele se recusava a aceitar a ideia que poderia realmente ter uma filha, enquanto aguardava que um Juiz o obrigasse a perfilhar a menina, uma família dava amor a essa mesma menina, nascida de pai incógnito.

Também sou pai e compreendo que, para um pai, a ideia de se ver separado do filho é inaceitável. Talvez por isso compreenda a posição do Sargento. Porque é ele o pai que a menina reconhece. Mas não consigo compreender a outra parte. Porque me fazem muita confusão algumas formas de agir. Ele reclama a filha, no entanto não deixa de falar em indemnizações. Afinal ele quer a menina ou o dinheiro? Se o assunto se passasse comigo eu não aceitava um cêntimo que fosse, apenas o meu filho porque, simplesmente, o Amor que tenho por ele não tem preço. Aliás, no meu particular, não precisei ser obrigado a reconhecê-lo, sou pai por Amor e não por decreto.

Mas a lei no nosso pais parece, por vezes, proteger as situações mais improváveis. Aconteça o que acontecer, espero que seja salvaguardado e que prevaleça o superior interesse da criança.


Imagem retirada aleatoriamente da net.


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