Um gajo vê com cada uma!... Ontem fui com a patroa fazer umas compritas a uma grande superfície comercial da margem sul do Tejo. O Inverno está aí a chegar, o patrão já abriu os cordões à bolsa e eu estava de folga, por isso nada melhor que ir (antes que ele se acabe…) comprar umas roupinhas novas para o agasalho da família. Entrei no Fórum Montijo e devo dizer-vos que Deus foi bastante generoso com os empreendedores daquele espaço. Chovia lá dentro tal como chovia na rua. Pronto, admito que posso estar a exagerar um pouco, não rua não chovia assim tanto… Fomos andando por ali, de galochas (ou botas de combate a incêndio?!?) e guarda-chuva, até que entrámos na loja de roupas que, como não posso dizer o nome, digo apenas que é uma cadeia sueca, tem duas letras e um carácter ao meio, a primeira é um H, a segunda um M e o caractere é um &. A patroa escolheu uns trapinhos que lhe assentavam muito bem e dirigiu-se para os provadores. Ali, tipo guarda fronteiriça, estava uma flauzina, chupadinha das carochas, a dar umas senhas com o número de peças que os clientes iriam provar. Até aqui tudo bem, porque isto, hoje em dia, anda por aí muito filho de muita mãe e há gentalha que é capaz de roubar umas meias usadas (por judiaria ainda lhes apresento um certo cavalheiro). O que me indignou foi ouvi-la dizer a um casal que o marido não podia entrar dentro do provador, junto com a mulher.
“Por razões de segurança…”
Estúpida! Burra! Falsa! Porque não admitem logo que o que não querem que aconteça é aquilo que nós sabemos que eles sabem que acontece dentro das cabines? Cada um tem a sua tara e conheci uma amiga que a dela era em cima de uma moto, num cemitério. E há quem tenha a panca de o fazer numa cabine de provas. E, não querendo ser mais papista que o Papa, até porque também sou danadinho p’ra brincadeira, concordo com a medida. Afinal provam ali as suas roupas senhoras idosas (cuidado com as taquicárdias) e crianças e há que manter um certo respeito. Mas podia ser frontais e directos, sem recurso absurdo ao cinismo. Bem sei que quem acompanha de muito perto o nosso governo se sente tentado por vezes a seguir os exemplos mas nem todos os exemplos são bons exemplos. Bastava dizer a verdade.
Ainda por cima, para além de asna, a gaja era cega. A cliente estava grávida, logo não iam para ali fazer nada. Já vinha feito de casa. Quem me conhece sabe que, mal a pobre coitada largou o desabafo infeliz, eu lancei uma bocarra tão ou ainda mais foleira. Mal teve a oportunidade, respondeu indirectamente através de uma explicação forçada e esforçada a uma cliente que estudos tinham comprovado que, em caso de incêndio, as pessoas tinham maior probabilidade de morrer se estivessem aos pares dentro das cabines. Até já tinha acontecido, daí a medida de segurança aplicada. Eu posso comprovar que, de calças em baixo, nós Homens temos uma dificuldade acrescida em correr!...
Bem esse estudo… upa, upa. É dos mais capazes. Então e os caminhos de evacuação? E as saídas de emergência sinalizadas e desobstruídas? E as UP* desses mesmos caminhos e saídas? Estavam dentro das normas regulamentares? A arrumação dentro da loja favorecia a circulação normal das pessoas? E em caso de evacuação, a alteração das condições de circulação foi contemplada e prevista? Quem esteve lá dentro como eu estive verá que não. Para a próxima vez que abrir a boca, espero que seja por um motivo bem mais feliz. A ignorância de não “saber” ainda tolerável, a ignorância de “falar do que não se sabe” é absolutamente desprezível.
Mea culpa. Disse anteriormente que as mulheres não tinham uma coisa indispensável, o manual de instruções. Lapso lamentável da minha parte. A net veio mostrar que eu estava errado. As minhas humildes desculpas.
http://www.guia-feminina.com/anatomia-sexual-feminina/anatomia-sexual-feminina.html
*UP – Unidades de Passagem